quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A rosa

                  A rotina foi tomando conta das coisas enquanto não chegava o dia marcado para a viagem. Lino iria para a Capital e isso significava organização pessoal, pois haviam muitas coisas para ser feitas. Em meio à correria, lembrou-se de comprar uma rosa vermelha de alguém que as vendia em uma sinaleira. Parecendo “transmimento de pensação”, logo após ter comprado a rosa, Iasmyn telefona para Lino.
                - Lino! Eu só estou telefonando prá dizer que está tudo certo para amanhã, me pega às cinco!
                - Nossa, Iasmyn, só pode ser “transmimento de pensação”, eu estava pensando em ti agora mesmo!
                Iasmyn respondeu de uma forma muito lenta, ou melódica mesmo, quase como música:
                Lino! É recíproco, e verdadeiro!
                Chegou o dia marcado e lá estava Lino, no mesmo local de sempre, às cinco horas, só que desta vez eram da manhã. E lá estava Iasmyn, pronta, decidida. Na escuridão, saem em busca do desconhecido. Enquanto dirigia, Lino cometia uma infração de trânsito. Confiando totalmente em sua mão esquerda, sua mão direita segura à mão de Iasmyn.
                - Temos calorimetria, Lino!
                - Calorimetria? O que é isso, Iasmyn?
                - Tua mão é quente, a minha gelada, mas quando tu seguras minha mão, ela esquenta, através de nossa calorimetria!
                Colocando sua mão afastada, não mais que um milímetro, da mão de Iasmyn,  Lino diz:
- Sente a energia em forma de calor?
Iasmin apenas emitiu uma palavra suspirada:
                - Nossa!
                A viagem não durou mais que duas horas, mas tempo suficiente para conversarem muita coisa do que ainda não tinham conversado. Ao chegar na Capital, ela o acompanhou durante todas as suas tarefas, as quais até o meio dia foram dadas por concluídas.
                Lino sugeriu que fossem a um lugar tranqüilo e disse que um amigo possuía um sobrado um pouco retirado da cidade, em meio à natureza.  Iasmyn concordou, mas no caminho disse estar assustada, e até com medo.
                - Com medo? De mim?
                - Não sei! Estou com medo, vai que realmente você me seqüestra!
                - Iasmyn! Quer voltar?
                - Não!
                Assim seguiram, até chegar no local. Realmente era em meio à natureza, um local que talvez nunca mais Iasmyn veja igual, dada a localização geográfica. Muitas árvores, flores, e uma pequena cachoeira circundavam o sobrado. Lino convidou Iasmyn para explorar o espaço, já que não o conheciam. Entraram em meio à mata e foi no silêncio da natureza que começaram a se beijar e a se desejar. Algo animalesco, inclusive. Os instintos estavam à flor da pele. Lino queria encher Iasmyn totalmente de amor e naquele instante, mas ela foi mais forte em defesa da prevenção:
                - Deixamos as camisinhas lá no carro, depois a gente continua!
                A contragosto, Lino concordou em controlar sua respiração e “voltar à terra”, como ele mesmo havia definido aquele tipo de situação.  Mas não demorou muito para que conseguissem sair da mata e entrar no sobrado. Lá dentro, pode-se garantir que um estava com medo do outro, estavam prestes a fazer algo que muito haviam desejado, havia chegado o momento. Segurando a mão de Iasmyn, Lino a conduz para um dos quartos.  Lá dentro, lembra de uma coisa, diz “espera um pouco”, e sai correndo. Iasmyn não entende nada.
Volta correndo com a rosa na mão. Ela fica maravilhada. A rosa seria o tom dado para os instantes seguintes. Lino abre a janela e uma luz solar forte e quente passa a dar outro brilho ao ambiente. E embalados pelo seu perfume, ambos foram tirando as roupas mutuamente. Lentamente, Lino segura Iasmyn pelas costas e em sua nuca até que ela ficasse deitada por completo na cama de solteiro que havia no quarto.  A surpresa viria em seguida, instante em que Lino pega a rosa e passa a fazer carícias no rosto de Iasmyn. Ela lhe observa atentamente, quase sem respirar.  Lino acariciou cada centímetro do corpo de Iasmyn com aquela rosa, até que de repente, passa  arrancar pétala por pétala, espalhando-as sobre o corpo de Iasmyn.  O vermelho das pétalas, combinado com a pele de Iasmyn, que brilhava com a luz do sol criou uma fotografia surreal, permanente apenas na memória deles.
Em silêncio, Lino começa a soprar as pétalas da barriga de Iasmyn, até que apenas uma permaneça. É esta pétala que ele vai sobrando cada vez mais para baixo, passando pelo umbigo e descendo. A cada soprada de Lino, a pétala descia, parecendo dançar no corpo de Iasmyn. Ela estava ofegante e parecia sentir-se provocada por aquelas carícias, no mínimo, diferentes. Lino também não suportava mais , queria sentir todo o seu calor. A rosa fora então abandonada, e os corpos não Lino e Iasmyn não tinham mais vida própria. Estavam mesmo vivendo aquilo que, não entendiam os motivos, passaram menos de duas semanas desejando.

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