sábado, 11 de fevereiro de 2012

Volúpia incandescente

        Lino já pensava em Iasmyn o tempo todo. Dois dias passados sequer foram percebidos, pois ela estava “disponível” nas redes sociais. O próximo encontro seria questão de organização do tempo. Como poderia de repente estar envolvido em um “ciclone extratropical”?  Esta era a pergunta que Lino se fazia sem parar. Seu dia fora cansativo, pressionado por idas e vindas aos bancos, já que era o período do mês em que pagava as contas. Lino apenas tinha em mente a certeza de que logo a veria mais uma vez. Já pelo meio da tarde toca o celular, injetando uma dose considerável de euforia na atitude de atender. Tanto que, ao retirá-lo do bolso, sem nem mesmo ver quem estava ligando, ele o derruba no chão, esparramando todo o conjunto tecnológico que compõe esses tipos de aparelhos.
            Suando, junta o celular e remonta-o. Aciona o “power” e pronto, era só esperar o sinal para saber se era Iasmyn mesmo quem ligava. E era! Havia uma mensagem de voz, a qual foi ligeiramente selecionada para ser ouvida:
            - Lino! Mesma hora? Mesmo lugar? Eu vou estar te esperando. Beijo!
            Qualquer lembrança já lhe fazia sentir aquele perfume. Forte, não doce e muito menos salgado, mas um perfume que lhe parecia abrir as narinas e misturar-se em seus alvéolos pulmonares, indo direto ao cérebro, dando-lhe vontade de ter mais daquela sensação. Não sabia o que poderia fazer neste encontro, não queria parecer ousado. Enquanto subia o morro, continuava sentindo o aroma. Já não pensava no que aconteceria, ele a encontraria mesmo novamente. E foi assim que avistou Iasmyn. Ela estava no mesmo lugar. Um sorriso retribuído, mas silencioso, foi a única ação compartilhada entre os dois. Já no carro, a mão de Lino passou segurar à de Iasmyn. A pergunta dele soou com ares de resposta:
            - Vamos onde? No moinho?
            - No moinho!
          Não era que queriam investigar o moinho, explorá-lo. Na verdade, em se tratando de um lugar deserto, ficariam tranquilos para conversar. Lino estacionou e olhou fixamente nos olhos de Iasmyn.
            - Estou sentindo um perfume hipnotizante, um perfume que parece sair de ti.             - Quer dizer que eu exalo este perfume? Qual é o cheiro?
            - É um cheiro que me invade a alma, mexe com meus hormônios, me faz gelar e esquentar por dentro.
            - Mas eu nem estou usando perfume!
            - É porque este é teu cheiro natural.
            E assim o silêncio assumiu o comando, não por muito tempo, pois, quando perceberam, o rosto de Iasmyn já estava ganhando os mais carinhosos beijos. Não eram apenas beijos na boca. Lino queria beijar o rosto dela por inteiro, suas pálpebras, suas sobrancelhas, suas orelhas, bochechas, mas claro, a boca de Iasmyn estava sendo beijada como nunca ela havia experimentado. Lino segurava seus cabelos de forma que suas mãos ficassem cheias com aqueles fios compridos e densos. Entregue aos toques de Lino, Iasmyn não era mais dona de sua vontade, não controlava seus atos, ela queria tudo, queria sentir Lino provocar seus sentimentos mais íntimos. Nem percebeu a mão abrindo os botões de sua calça. Até ajudou, mas não percebeu. De repente, uma volúpia incandescente fez seu corpo vibrar. Ela não tremia, era diferente, era mais que isso, sentia como se seu corpo precisasse explodir com aqueles toques. O suor dos dois, combinado com o calor provocado pela intensidade dos movimentos, estava deixando Iasmyn a ponto de desacordar, ou gritar, ou sair correndo, ou mesmo ficar paralisada. O certo é que não havia qualquer tipo de controle por Iasmyn. Assim ela passou a emitir gemidos sussurrados e, como música, foram embalados até entregarem-se definitivamente a impulsos primitivos quase desconhecidos por ambos. Este foi o tom dado para que Iasmyn comprimisse suas pernas por alguns segundos, espremendo as mãos de Lino, que não teve reação alguma, apenas fez com que, finalmente, seus dedos relaxassem entre as pernas de Iasmyn. Depois da algum tempo entregues à exaustão, Lino pegou um guardanapo, que rapidamente encharcou-se em suas mãos. De repente Iasmyn parece acordar, como se tivesse dormido e, abrindo a fivela da cinta de Lino, sussurra:
            - Agora é minha vez de retribuir.
           Lino sente os lábios de Iasmyn, quentes e úmidos, macios e ainda trêmulos. Imobiliza-se.
Não esperava por isso, não naquele encontro, embora fosse o que desejasse. Tudo estava ocorrendo tão rapidamente, ela possuía sua alma de um jeito peculiar, tanto que Lino nem se reconhecia mais, muito menos quando segurou o rosto de Iasmyn. Ele respirava tão profundamente e seu corpo parecia verter suor. De olhos fechados, Lino sabia que não iria suportar tamanha carga de emoções por mais tempo, apenas conseguiu dizer o nome dela, separado em sílabas sussurradas:
           - I-as-myn.

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