quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Aqui não!

Iasmyn parecia feliz sentada novamente ao lado de Lino, suas conversas continuavam se completando, cada vez mais assuntos, cada vez mais sorrisos e olhares, até que, depois de 50 minutos rodando pela cidade, ele a surpreende com um beijo. Em uma correspondente euforia, mergulham no mar de desejos, interrompidos brevemente por uma buzina que incomodava freneticamente, dizendo que o trânsito deveria andar, a sinaleira estava no verde.
Recuperados e já em movimento, pareciam assustados com suas próprias reações, não como envergonhados, mas assustados, sem saber definitivamente o que estaria por vir. O tempo mudara e uma fina garoa escorria pelo para brisa, já era noite quando Lino estacionou em frente a um velho moinho. Nem conhecia o local, mas um amigo lhe havia indicado.
- Minha amiga Ester se apavorou com o que ta acontecendo!
- Tu contou prá ela?
- Alguém tinha que saber né. Vai que tu me seqüestra!
- E não tem resgate! (risos)
- Ela se apavorou porque eu contei prá ela que não nos beijamos aquele dia. Ela disse que isso é grave!
- Pior.
- Disse que se tivéssemos nos beijado e... sabe né, tinha acabado e deu, mas não, “tem mais coisa aí”, ela disse.
- Eu sei.
- Tá com medo?
- Não.
- Também não.
Em silêncio e com a certeza de que já era a hora de tentar encontrar os motivos para tanta atração física e transcendental, Lino passou a acionar o mecanismo que possibilita ao banco do carro deixar a pessoa sentada na posição o mais confortável possível.
- Lino, melhor não.
- Melhor não Iasmyn, verdade.
E começaram a se beijar enquanto o banco terminava de ser deitado. Foi só uma das etapas. O beijo, livre do trânsito, teve outro sabor. Iasmyn pareceu sentir-se acariciada de uma forma nunca experimentada. Os toques de Lino estavam limitados ao seu rosto, suas pálpebras, sobrancelhas e quando passavam pela boca, os lábios pareciam tremer em uma temperatura que os deixavam naturalmente vermelhos.
- Lino! Onde tu quer chegar?
- Onde tu quiser, Iasmyn.
Ela silenciou e sua respiração ficou cada vez mais profunda. Enquanto uma mão de Lino acariciava os cabelos de Iasmyn, a outra descia muito lentamente. Ela queria impedir mas não conseguia, não tinha forças, seus braços tremiam igual suas pernas, lábios e tudo em seu corpo que pudesse tremer. Os olhos fechados fizeram as pálpebras comprimir-se enquanto já sentia carícias incontrolavelmente excitantes, insistentes para que seu soutien definitivamente libertasse seu desejo. Ela sabia que queria mais, queria sentir as mãos de Lino acariciando sua alma por completo. O suor e a intensidade da respiração de ambos já havia feito os vidros do carro ficarem embaçados, quando Iasmyn pareceu racionalizar a situação, segurando fortemente a mão de Lino entre suas pernas.
- Aqui não, Lino! Não podemos fazer assim, hoje é a segunda vez que nos vemos!
Lino concordou recuperar os sentidos.
- Vamos respirar, abrir a janela. Tem razão. Escuta este som!
Um reggae de fundo deu o tom da conversa que continuou sem parar, enquanto ficavam cada vez mais tranqüilos e realizados. Na verdade, ambos estavam assustados, sabiam que a amiga de Iasmyn tinha razão. Se não tivesse nada a ver, se fosse só atração sexual, seria só "... sabe né". Mas não. Tinham consciência que estavam provocando-se uma vontade cada vez mais forte, não física, espiritual.

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